<b>Transparência</b>em Relatórios Corporativos

Um estudo sobre as 100 maiores empresas e os 10 maiores bancos brasileiros.

Como estão evoluindo as maiores corporações brasileiras em seus padrões de transparência e de prevenção à corrupção? A Transparência Internacional Brasil propõe-se aqui a responder essa pergunta, a partir da análise das informações que publicam as principais empresas do país.

Nos próximos parágrafos, você será apresentado aos resultados de um estudo inédito. Trata-se do primeiro relatório da série “Transparência em Relatórios Corporativos (TRAC)” voltado exclusivamente para organizações com sede no Brasil. Referência mundial, o TRAC é uma das mais importantes publicações da Transparência Internacional. Edições passadas tiveram como foco as maiores multinacionais do mundo (2012 e 2014) e as maiores dos mercadores emergentes (2013 e 2016). Na de 2016, foram avaliadas 12 brasileiras.

Esta nova publicação de 2018 cumpre um duplo objetivo. Em primeiro lugar, visa estimular as empresas a adotarem padrões cada vez mais elevados de transparência. O segundo objetivo é que estes compromissos anticorrupção possam ser conhecidos e cobrados pelo mercado e a sociedade em geral.

Índice Geral

Deslize a barra para visualizar a pontuação

Fechar Ranking

Neoenergia

PAC

100%

TO

100%

MÉDIA

10,0

Votorantim Cimentos

PAC

100%

TO

100%

MÉDIA

10,0

EDP – Energias do Brasil

PAC

92%

TO

100%

MÉDIA

9,6

CPFL Energia

PAC

88%

TO

100%

MÉDIA

9,4

ArcelorMittal Brasil

PAC

100%

TO

75%

MÉDIA

8,8

Embraer

PAC

100%

TO

75%

MÉDIA

8,8

Oi

PAC

100%

TO

75%

MÉDIA

8,8

Copel

PAC

96%

TO

75%

MÉDIA

8,6

Fibria

PAC

96%

TO

75%

MÉDIA

8,6

BTG Pactual

PAC

96%

TO

75%

MÉDIA

8,6

Cemig

PAC

69%

TO

100%

MÉDIA

8,5

Light

PAC

69%

TO

100%

MÉDIA

8,5

Banco do Brasil

PAC

92%

TO

75%

MÉDIA

8,4

Petrobras

PAC

92%

TO

75%

MÉDIA

8,4

Telefônica Brasil

PAC

92%

TO

74%

MÉDIA

8,4

Braskem

PAC

92%

TO

75%

MÉDIA

8,4

Marfrig

PAC

92%

TO

75%

MÉDIA

8,4

BRF

PAC

88%

TO

75%

MÉDIA

8,2

Rede D’Or São Luiz

PAC

88%

TO

75%

MÉDIA

8,2

JSL

PAC

88%

TO

75%

MÉDIA

8,2

Azul Linhas Aéreas

PAC

62%

TO

100%

MÉDIA

8,1

Whirlpool

PAC

92%

TO

69%

MÉDIA

8,1

JBS

PAC

73%

TO

88%

MÉDIA

8,1

Natura

PAC

81%

TO

75%

MÉDIA

7,8

Banco Votorantim

PAC

92%

TO

63%

MÉDIA

7,8

Enel Brasil

PAC

88%

TO

63%

MÉDIA

7,6

Ultrapar

PAC

88%

TO

63%

MÉDIA

7,6

Eletrobras

PAC

100%

TO

50%

MÉDIA

7,5

Odebrecht

PAC

100%

TO

50%

MÉDIA

7,5

BASF

PAC

73%

TO

75%

MÉDIA

7,4

Samarco

PAC

85%

TO

63%

MÉDIA

7,4

Copersucar

PAC

69%

TO

75%

MÉDIA

7,2

Suzano

PAC

69%

TO

75%

MÉDIA

7,2

Usiminas

PAC

69%

TO

75%

MÉDIA

7,2

Gerdau

PAC

85%

TO

56%

MÉDIA

7,1

Magazine Luiza

PAC

38%

TO

100%

MÉDIA

6,9

Santander

PAC

88%

TO

50%

MÉDIA

6,9

WEG

PAC

88%

TO

50%

MÉDIA

6,9

Latam Airlines

PAC

62%

TO

75%

MÉDIA

6,9

Construtora Queiroz Galvão

PAC

85%

TO

50%

MÉDIA

6,8

GPA

PAC

85%

TO

50%

MÉDIA

6,8

Klabin

PAC

58%

TO

75%

MÉDIA

6,7

Cargill

PAC

58%

TO

75%

MÉDIA

6,7

Equatorial Energia

PAC

54%

TO

75%

MÉDIA

6,5

Bradesco

PAC

77%

TO

50%

MÉDIA

6,4

Cielo

PAC

77%

TO

50%

MÉDIA

6,4

Citibank

PAC

77%

TO

50%

MÉDIA

6,4

Celesc

PAC

100%

TO

25%

MÉDIA

6,3

Raízen

PAC

55%

TO

38%

MÉDIA

6,2

Gol Linhas Aéreas

PAC

46%

TO

75%

MÉDIA

6,1

Invepar

PAC

65%

TO

56%

MÉDIA

6,1

Cencosud

PAC

46%

TO

75%

MÉDIA

6,1

Engie

PAC

69%

TO

50%

MÉDIA

6,0

CSN

PAC

81%

TO

38%

MÉDIA

6,0

Banrisul

PAC

62%

TO

56%

MÉDIA

5,9

Cosan

PAC

65%

TO

50%

MÉDIA

5,8

Raia Drogasil

PAC

15%

TO

100%

MÉDIA

5,8

Atacadão/Carrefour

PAC

65%

TO

50%

MÉDIA

5,8

Caixa

PAC

88%

TO

25%

MÉDIA

5,7

Construtora Andrade Gutierrez

PAC

88%

TO

25%

MÉDIA

5,7

Itaú Unibanco

PAC

81%

TO

31%

MÉDIA

5,6

Minerva Foods

PAC

12%

TO

100%

MÉDIA

5,6

TIM Participações

PAC

62%

TO

50%

MÉDIA

5,6

Vale

PAC

73%

TO

38%

MÉDIA

5,6

Lojas Renner

PAC

35%

TO

75%

MÉDIA

5,5

Biosev

PAC

58%

TO

50%

MÉDIA

5,4

CCR

PAC

69%

TO

38%

MÉDIA

5,4

Safra

PAC

81%

TO

25%

MÉDIA

5,3

Ambev

PAC

85%

TO

19%

MÉDIA

5,2

Yara Brasil Fertilizantes

PAC

100%

TO

0%

MÉDIA

5,0

CNH

PAC

96%

TO

0%

MÉDIA

4,8

Aurora Alimentos

PAC

58%

TO

38%

MÉDIA

4,8

Lojas Americanas

PAC

54%

TO

38%

MÉDIA

4,6

Unilever Brasil

PAC

92%

TO

0%

MÉDIA

4,6

Walmart

PAC

92%

TO

0%

MÉDIA

4,6

Amaggi

PAC

65%

TO

25%

MÉDIA

4,5

Tereos Internacional

PAC

38%

TO

50%

MÉDIA

4,4

Energisa

PAC

38%

TO

50%

MÉDIA

4,4

Shell

PAC

88%

TO

0%

MÉDIA

4,4

Iochpe-Maxion

PAC

12%

TO

75%

MÉDIA

4,4

Claro Telecom

PAC

54%

TO

31%

MÉDIA

4,3

Renault

PAC

54%

TO

31%

MÉDIA

4,3

Globo

PAC

85%

TO

0%

MÉDIA

4,3

Sabesp

PAC

85%

TO

0%

MÉDIA

4,3

Bunge Alimentos

PAC

77%

TO

0%

MÉDIA

3,9

Mosaic

PAC

77%

TO

0%

MÉDIA

3,9

Coca-Cola Femsa

PAC

69%

TO

0%

MÉDIA

3,5

LDC Brasil

PAC

62%

TO

0%

MÉDIA

3,1

Volkswagen

PAC

62%

TO

0%

MÉDIA

3,1

Bayer

PAC

4%

TO

50%

MÉDIA

2,7

Nidera Sementes

PAC

54%

TO

0%

MÉDIA

2,7

Coamo

PAC

0%

TO

50%

MÉDIA

2,5

Syngenta

PAC

46%

TO

0%

MÉDIA

2,3

InterCement

PAC

42%

TO

0%

MÉDIA

2,1

Novelis

PAC

42%

TO

0%

MÉDIA

2,1

Ale Combustíveis

PAC

0%

TO

38%

MÉDIA

1,9

Saint-Gobain

PAC

27%

TO

0%

MÉDIA

1,4

Fertipar

PAC

0%

TO

25%

MÉDIA

1,3

Máquina de Vendas Brasil

PAC

0%

TO

25%

MÉDIA

1,3

Honda South America

PAC

23%

TO

0%

MÉDIA

1,2

Votorantim Cimentos

PAC

100%

TO

100%

RPP

17%

MÉDIA

7,2

Embraer

PAC

100%

TO

75%

RPP

20%

MÉDIA

6,5

Braskem

PAC

92%

TO

75%

RPP

18%

MÉDIA

6,2

Azul Linhas Aéreas

PAC

62%

TO

100%

RPP

20%

MÉDIA

6,1

ArcelorMittal Brasil

PAC

100%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,8

Oi

PAC

100%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,8

BTG Pactual

PAC

96%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,7

Fibria

PAC

96%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,7

JBS

PAC

73%

TO

88%

RPP

7%

MÉDIA

5,6

Natura

PAC

81%

TO

75%

RPP

12%

MÉDIA

5,6

Banco do Brasil

PAC

92%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,6

Marfrig

PAC

92%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,6

Petrobras

PAC

92%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,6

Telefônica Brasil

PAC

92%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,6

Copersucar

PAC

69%

TO

75%

RPP

20%

MÉDIA

5,5

BRF

PAC

88%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

5,4

Samarco

PAC

85%

TO

63%

RPP

13%

MÉDIA

5,4

Whirlpool

PAC

92%

TO

69%

RPP

0%

MÉDIA

5,4

Bradesco

PAC

77%

TO

50%

RPP

33%

MÉDIA

5,3

Banco Votorantim

PAC

92%

TO

63%

RPP

0%

MÉDIA

5,2

Ultrapar

PAC

88%

TO

63%

RPP

0%

MÉDIA

5,0

Eletrobras

PAC

100%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

5,0

Odebrecht

PAC

100%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

5,0

Suzano

PAC

69%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,8

Usiminas

PAC

69%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,8

Gerdau

PAC

85%

TO

56%

RPP

0%

MÉDIA

4,7

WEG

PAC

88%

TO

50%

RPP

3%

MÉDIA

4,7

Santander

PAC

88%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

4,6

Latam Airlines

PAC

62%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,6

Construtora Queiroz Galvão

PAC

85%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

4,5

Cargill

PAC

58%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,4

Klabin

PAC

58%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,4

Cielo

PAC

77%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

4,2

Gol Linhas Aéreas

PAC

46%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

4,0

CSN

PAC

81%

TO

38%

RPP

0%

MÉDIA

4,0

Vale

PAC

73%

TO

38%

RPP

5%

MÉDIA

3,9

Caixa

PAC

88%

TO

25%

RPP

0%

MÉDIA

3,8

Construtora Andrade Gutierrez

PAC

88%

TO

25%

RPP

0%

MÉDIA

3,8

Itaú Unibanco

PAC

81%

TO

31%

RPP

0%

MÉDIA

3,7

Minerva Foods

PAC

12%

TO

100%

RPP

0%

MÉDIA

3,7

Lojas Renner

PAC

35%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

3,7

Ambev

PAC

85%

TO

19%

RPP

4%

MÉDIA

3,6

Biosev

PAC

58%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

3,6

CCR

PAC

69%

TO

38%

RPP

0%

MÉDIA

3,6

Safra

PAC

81%

TO

25%

RPP

0%

MÉDIA

3,5

Amaggi

PAC

65%

TO

25%

RPP

0%

MÉDIA

3,0

Tereos Internacional

PAC

38%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

2,9

Iochpe-Maxion

PAC

12%

TO

75%

RPP

0%

MÉDIA

2,9

Claro Telecom

PAC

54%

TO

31%

RPP

0%

MÉDIA

2,8

Mosaic

PAC

77%

TO

0%

RPP

0%

MÉDIA

2,6

Coamo

PAC

0%

TO

50%

RPP

0%

MÉDIA

1,7

InterCement

PAC

42%

TO

0%

RPP

0%

MÉDIA

1,4

Honda South America

PAC

23%

TO

0%

RPP

0%

MÉDIA

0,8

#NãoPodeFicarNoPapel

O efetivo combate à corrupção no meio corporativo começa com a publicação de compromissos, como os avaliados na pesquisa TRAC. Mas este é só o primeiro passo. Para que se tornem reais, os compromissos devem ser vividos pelas empresas. E a sociedade deve se manter atenta e monitorar o setor privado. A edição de 2017 da série Barômetro da Corrupção, publicada pela Transparência Internacional, mostra que 83% dos brasileiros atribuem ao indivíduo o poder de fazer a diferença. É a taxa mais alta entre 78 países. Todos nós temos o papel de checar a conduta ética das empresas. Mais do que isso: temos o dever de cobrar que suas promessas sejam levadas adiante.

O compromisso escrito precisa virar prática – e é papel de todos cobrar. #NãoPodeFicarNoPapel

Para que a sociedade possa reivindicar de maneira efetiva o setor corporativo, a Transparência Internacional põe à disposição uma plataforma de comunicação, na qual todos podem se envolver (acesse clicando no botão abaixo).

Por meio dela, você acessa os canais de denúncia das empresas pesquisadas e pode cobrar que medidas sejam tomadas se você suspeita de alguma ação inadequada do setor privado.

Canais de Denúncia

Um pouco sobre os Resultados

Foram escolhidas as 100 maiores empresas e os 10 maiores bancos brasileiros a partir de um ranking Valor 1000 publicado pelo jornal Valor Econômico. O relatório avaliou como essas companhias divulgam informações três dimensões: programas anticorrupção, estrutura organizacional e dados financeiros sobre a atuação em outras nações.

As 110 empresas analisadas foram separadas em dois grupos: Índice Geral (que levou em conta as duas primeiras dimensões) e Índice de Multinacionais Brasileiras (que considerou as três). Só 53 grandes empresas atuam no exterior e foram agrupadas no último índice.

Apesar de algumas companhias se esforçarem para se adequar aos padrões internacionais de transparência, a grande maioria teve um desempenho ruim na adoção de programas anticorrupção e na divulgação da sua estrutura organizacional: em uma escala de 0 a 10, a nota do conjunto no Índice Geral foi de 5,7.

No Índice de Multinacionais Brasileiras, a nota foi ainda pior: 4,5. Esse baixo desempenho está diretamente relacionado à divulgação de relatórios por país de operação. Das 53 empresas neste escopo, 41 receberam nota 0, pois não divulgam informações básicas sobre sua atuação fora do Brasil. “A publicação destas informações possibilita à sociedade a verificação de propensão de empresas em atuar em jurisdições que são notórias por terem histórico de corrupção ou inclinação à serem usadas para lavagem de dinheiro”, exemplifica Claudia Sanen, consultora da Transparência Internacional Brasil.

O relatório também trouxe um resultado que, inevitavelmente, salta aos olhos: as empresas investigadas ou condenadas em escândalos de corrupção alcançaram notas relativamente boas. São os casos da Petrobras, da JBS e da Odebrecht, para citar as mais emblemáticas. Uma explicação é que, na tentativa de reverter seus prejuízos financeiros e de imagem, elas têm investido fortemente em compliance (conformidade com leis e regulamentos).

É um fenômeno comum internacionalmente. Empresas que passaram por crises reputacionais, em geral, respondem com transformações em suas divulgações anticorrupção. Muitas hoje são até referências em programas anticorrupção”, explica Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil. “O esforço destas empresas deve ser reconhecido, mas não podemos desconsiderar que, por décadas, elas operaram de maneira corrupta. Portanto, estas transformações devem ser acompanhadas muito de perto pelo mercado e pela sociedade, cobrando que efetivamente se submetam a estes novos padrões”.

A ligação de gigantes em grandes esquemas de corrupção, expostos por operações como a Lava Jato e a Zelotes, aumentou a pressão da sociedade. Ficou claro que muitos grupos empresariais brasileiros se envolveram em superfaturamentos, contribuições eleitorais ilícitas e propinas em troca de contratos bilionários. Ficou evidente, também, que a corrupção corporativa prejudica o avanço da infraestrutura e a livre competição, inviabiliza empresas éticas e lesa os cidadãos.

Por isso, o mundo corporativo não pode mais fazer de conta que a corrupção é um problema apenas de governos e estatais. Ele precisa mostrar que possui políticas anticorrupção, expor com transparência suas estruturas e prestar contas sobre o que faz nos países onde atua. Quando se mostram transparentes, empresas assumem um compromisso público: de que qualquer indivíduo terá elementos para fiscalizar suas ações.

Resultados a partir de cada dimensão

Programas
Anticorrupção

Compliance: exigência e oportunidade

Essa foi a dimensão em que as companhias obtiveram a maior nota média. Como isso é possível em um país onde a corrupção prepondera? A resposta é que contar com um sistema de compliance tem se tornado imperativo no mercado brasileiro. Uma pesquisa da KPMG mostra que a proporção de companhias sem esse investimento caiu de 19%, em 2015, para 6%, em 2016. Entre as que investem nisso, 50% o fazem há no máximo três anos.

Há outras razões por trás do desempenho melhor nessa dimensão. De acordo com a Lei Anticorrupção, regulamentada por decreto de 2015, para uma empresa ser punida não é preciso comprovar que ela participou intencionalmente de um ato ilícito, basta que alguém o tenha praticado e que ela tenha se beneficiado. Nesse contexto, tem se tornado primordial contar com um sistema de controle que identifique possíveis irregularidades cometidas internamente

Além disso, adotar e divulgar programas anticorrupção não só contribui para evitar penalidades. Ser ético e transparente estimula a aproximação de jovens talentos, colabora para a reputação e ajuda a atrair clientes nacionais e internacionais.

Transparência
Organizacional

Quem é dono do quê

Essa foi a dimensão em que as companhias obtiveram a maior nota média. Como isso é possível em um país onde a corrupção prepondera? A resposta é que contar com um sistema de compliance tem se tornado imperativo no mercado brasileiro. Uma pesquisa da KPMG mostra que a proporção de companhias sem esse investimento caiu de 19%, em 2015, para 6%, em 2016. Entre as que investem nisso, 50% o fazem há no máximo três anos.

Há outras razões por trás do desempenho melhor nessa dimensão. De acordo com a Lei Anticorrupção, regulamentada por decreto de 2015, para uma empresa ser punida não é preciso comprovar que ela participou intencionalmente de um ato ilícito, basta que alguém o tenha praticado e que ela tenha se beneficiado. Nesse contexto, tem se tornado primordial contar com um sistema de controle que identifique possíveis irregularidades cometidas internamente

Por razões tributárias, operacionais ou estratégicas, um grupo empresarial muitas vezes responde por marcas distintas. Nesse contexto, é importante que se tornem públicos os seus laços societários e organizacionais – informações fundamentais para a identificação de possíveis formações de cartel ou fraudes em uma licitação pública.

Essa dimensão ajudou a baixar a média do Índice Geral e do Índice de Multinacionais Brasileiras. Isso porque, na maioria das vezes, as corporações se limitaram a divulgar em seus websites os seus balanços contábeis. Quando confrontadas, argumentaram que o nível de detalhamento não é previsto nas normas brasileiras.

De acordo com essas mesmas normas, estruturas legais diferentes são submetidas a exigências diferentes na divulgação de seus dados. Empresas limitadas, por exemplo, precisam prestar contas com menos detalhamento.

Os resultados mostraram que, quando o nível de transparência exigido não é muito alto, a nota, via de regra, também não foi elevada.

Outra conclusão é que nem sempre bons resultados em programas anticorrupção convivem com um desempenho bom em estruturas organizacionais. Isso porque as áreas de compliance, muitas delas recentes, costumam receber incentivos para dar publicidade a esses esforços. O mesmo não ocorre para a divulgação de outras informações.

Ser transparente não significa limitar-se ao cumprimento da legislação. Espera-se dos websites das companhias informações detalhadas sobre suas subsidiárias, empresas associadas e joint ventures, inclusive em quais países operam. O que está em jogo é justamente abrir-se para o escrutínio público de forma acessível e proativa.

Relatório
por País

Responsabilidade sem fronteiras

Em todas as publicações da Transparência Internacional, a dimensão relatórios por país de operação é a que reúne as piores pontuações. Neste caso, os resultados não diferiram muito do que tem sido observado mundialmente.

Foram buscadas informações financeiras básicas sobre as companhias e suas subsidiárias em cada país onde atuam, isto é, como se comportam, quanto lucraram ou pagaram de impostos, e que contribuições realizaram a políticos e a projetos sociais.

Obteria pontuação máxima quem divulgasse informações completas sobre todos os países onde possui atuação. Mas ocorreu o contrário: em todas as cinco questões, a maioria das empresas zerou. A média geral, 3%, foi pior que a média do último TRAC para os mercados emergentes (9%).

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o G-20 (do qual o Brasil faz parte) têm promovido discussões na tentativa de criar padrões tributários que incluam a divulgação dessas informações. Um alvo são os paraísos fiscais. Ambas as instituições vêm adotando medidas para que as autoridades desses locais compartilhem informações com o fisco de outras nações. Em setembro, 50 delas, como Ilhas Cayman e Bermudas, começaram a repassar dados de estrangeiros e seus depósitos bancários.

A Transparência Internacional acredita que, apesar de ainda ser um tema incipiente na agenda corporativa, trazê-lo à tona gera uma competição positiva e antecipa práticas que devem se tornar comuns.

Recomendações

1. IR DA TEORIA À PRÁTICA


Além de assumir compromissos públicos, é fundamental implementar o que foi prometido, começando por garantir autonomia e recursos para áreas de compliance.


2. MOBILIZAR A TODOS


A prevenção e o combate à corrupção precisam envolver todas as pessoas que falam ou trabalham em nome de uma empresa. Isso requer treinamentos regulares sobre o tema.


3. MEDIR, MONITORAR E REVISAR


Um dos procedimentos que as empresas fazem com mais eficiência é medir resultados a partir de indicadores e metas. Os programas anticorrupção também têm de se inserir nessa lógica.


4. FALAR PARA DIFERENTES PÚBLICOS


Companhias ainda tendem a restringir a divulgação de informações corporativas para públicos especializados. A sociedade civil na maioria das vezes fica de fora do radar empresarial.


5. IR ALÉM DA LEGISLAÇÃO


Não se trata de ser ou não ser obrigado. Trata-se de ser transparente, expor-se ao crivo do consumidor – que, de acordo com várias pesquisas, valoriza tal comportamento.


6. SER CLARO E OBJETIVO


O ideal é que as empresas tratem seus dados do mesmo modo como levam o produto para o cliente. Comunicar com transparência implica fazer-se entender.

1. Ser influenciador


A disseminação da transparência traz ganhos para todo o ambiente de negócios de um país. Nesse sentido, é preciso incentivar as empresas a adotarem programas anticorrupção.


2. Aumentar a exigência


A Bolsa de Valores possui um nicho de ações do qual só fazem parte grupos com altos níveis de governança e transparência, o Novo Mercado. Mas é preciso evoluir nessas exigências.


3. Promover a abertura de dados


É preciso implantar bancos online, mantendo-os abertos à pesquisa de qualquer cidadão, e utilizar formatos de documentos que facilitem a busca e o cruzamento de dados.


1. Exigir mais transparência

Deve-se exigir que as empresas se posicionem claramente sobre programas anticorrupção. Sem tais informações, a vulnerabilidade diante de riscos que possam afetar ganhos aumenta.

1. Monitorar com frequência

A lógica desta pesquisa é promover a transparência e incentivar que as companhias sejam vigiadas. Mas o raciocínio só fecha se houver organizações sociais, de fato, vigiando.


2. Cobrar informações detalhadas

Saber o que determinada empresa faz, quanto investe e quanto paga de impostos é crucial. Deve-se cobrar das corporações que publiquem dados sobre sua atuação em nível local.


3. Apoiar iniciativas coletivas

Denúncias isoladas produzem efeitos tímidos e abrem espaço para represálias. Confederações, associações, fóruns e sindicatos, por outro lado, têm mais capilaridade e representatividade.

Canais de Denúncia

Veja a Listagem de Canais

AES Eletropaulo

Ale Combustíveis

Amaggi

Ambev

ArcelorMittal Brasil

Atacadão/Carrefour

Aurora Alimentos

Azul Linhas Aéreas

Banco do Brasil

Banco Votorantim

Banrisul

BASF

Bayer

Biosev

Bradesco

Braskem

BRF

BTG Pactual

Bunge Alimentos

Caixa

Cargill

CCR

Celesc

Cemig

Cencosud

Cielo

Citibank

Claro Telecom

CNH

Coamo

Coca-Cola Femsa

Construtora Andrade Gutierrez

Construtora Queiroz Galvão

Copel

Copersucar

Cosan

CPFL Energia

CSN

Drogarias DPSP

EDP – Energias do Brasil

Elektro

Eletrobras

Embraer

Enel Brasil

Energisa

Engie

Equatorial Energia

FCA – Fiat Chrysler Auto

Fertipar

Fibria

Gerdau

Globo

Gol Linhas Aéreas

GPA

Heringer

Honda South America

Hydro Alunorte

InterCement

Invepar

Iochpe-Maxion

Itaipu Binacional

Itaú Unibanco

JBS

JSL

Klabin

Latam Airlines

LDC Brasil

Light

Lojas Americanas

Lojas Renner

Magazine Luiza

Makro

Máquina de Vendas Brasil

Marfrig

Minerva Foods

Mosaic

Natura

Neoenergia

Nidera Sementes

Novelis

Odebrecht

Oi

Petrobras

Raia Drogasil

Raízen

Rede

Rede D’Or São Luiz

Renault

Sabesp

Safra

Saint-Gobain

Samarco

Santander

Shell

Suzano

Syngenta

Telefônica Brasil

Tereos Internacional

Tim Participações

Toyota do Brasil

Ultrapar

Unilever Brasil

Usiminas

Vale

Volkswagen

Votorantim Cimentos

Walmart

WEG

Whirlpool

Yara Brasil Fertilizantes

Sobre a Metodologia

O relatório coletou informações públicas disponíveis nos websites corporativos e em links neles embutidos. Os pesquisadores buscaram responder a um questionário com 26 itens sobre as três dimensões avaliadas. Cada dimensão teve peso equivalente na nota final.

O levantamento começou em julho de 2017. Os resultados foram revisados em setembro e compartilhados com todas companhias, que puderam comentar, questionar e sugerir ajustes antes do cálculo das pontuações finais.

Embora a metodologia adotada tenha sido semelhante à de outras edições da série TRAC, os critérios foram evoluindo com o tempo. Por isso, deve-se ter cautela ao comparar notas de empresas com as delas próprias ou com as de suas concorrentes em pesquisas anteriores.

Acesse a metodologia completa da pesquisa no relatório.

A importância de ser transparente

Por muito tempo, grandes empresas levaram em conta somente seu desempenho financeiro e monopolizaram o discurso sobre si próprias. Mas o avanço das tecnologias pôs em jogo outras narrativas. Qualquer um que se comunique em uma rede social, por exemplo, é uma fonte de opinião. O que ele compartilha pode atingir milhares ou até milhões de pessoas.

No contexto histórico em que estamos inseridos, ser transparente não é só cumprir determinações legais e divulgar dados para investidores. Os milhares ou milhões de interlocutores das redes sociais, virtuais ou reais, também precisam ser atendidos.

A sociedade civil já deu inúmeros sinais de que este tema faz parte da sua agenda. Sete em cada dez brasileiros têm medo dos efeitos da corrupção, como mostra a pesquisa Trust Barometer 2017, da agência Edelman Brasil. As empresas investigadas na Lava Jato são bons exemplos do estrago reputacional e financeiro provocado pelo envolvimento nesse tipo de crime. Estima-se que as construtoras citadas na operação demitiram mais de 300 mil pessoas – em sua imensa maioria, funcionários sem nenhuma relação com os atos ilícitos.

O combate à corrupção está na pauta global. Agir de maneira proativa é condição básica para ser uma empresa competitiva e para ter credibilidade perante todos os seus públicos. Vivemos um momento de ajuste, que deve abrir caminho para uma nova fase de desenvolvimento econômico mais sustentável, na qual transparência e ética são grandes diferenciais.

Sobre a Transparência Internacional

A Transparência Internacional Brasil faz parte de um movimento global com um mesmo propósito: construir um mundo em que governos, empresas e o cotidiano das pessoas estejam livres da corrupção.

O capítulo integra a Transparência Internacional – a principal organização dedicada à luta contra a corrupção no mundo, com mais de 20 anos de atuação e presença em mais de 100 países.

A Transparência Internacional Brasil atua no apoio e articulação de grupos locais de combate à corrupção, produção de conhecimento, assessoria a empresas e governos sobre as melhores práticas globais de transparência e integridade, entre outras atividades.

A presença internacional do movimento permite defender iniciativas e legislações contra a corrupção e que governos e empresas efetivamente se submetam a elas. Sua rede também significa colaboração e inovação, o que lhe dá condições privilegiadas para desenvolver e testar novas soluções anticorrupção.

Baixe o Relatório Completo TRAC 2018